sexta-feira, 11 de julho de 2014

CITAÇÃO DE PLATÃO

Guerras de palavras! Guerras de palavras! Já não fizestes derramar sangue suficiente? Será ainda preciso reacender as fogueiras? Muito se discute sobre as palavras "eternidade de penas", "eternidade dos castigos". Ignorais que hoje entendeis por eternidade não é o mesmo  que os antigos entendiam? Que o  teólogo consulte as fontes, e como todos vós, lá descobrirá que o texto hebreu não dava a essa palavra - que os gregos, os latinos e os modernos traduziram por penas sem fim, irremissíveis - o mesmo sentido. Eternidade dos castigos corresponde a eternidade do mal. 
Sim, enquanto existir o mal entre os homens, os castigos subsistirão; é no sentido relativo que importa interpretar os textos sagrados. Portanto, a eternidade de penas é apenas relativa, e não absoluta. Chegue o dia em que todos os homens se revistam, por meio do arrependimento, com a vete da inocência e, nesse dia, deixará de haver gemidos e ranger dos dentes. Vossa razão humana é limitada, isso é bem verdade, mas tal qual é, é um presente de Deus; e com o auxílio da razão, não há um único homem de boa-fé que compreenda de outra forma a eternidade de castigos. A eternidade dos castigos! O quê! Etão seria preciso admitir o mal eterno. Somente Deus é eterno e Ele não poderia ter criado o mal eterno, pois se assim não fosse teríamos de arrancar-lhe o mais magnífico de seus atributos; o poder soberano,. pois não seria soberanamente poderoso aquele que pudesse criar um elemento destruidor de suas próprias obras. Humanidade! Humanidade! Não mergulhes mais teus sombrios olhares nas profundezas da Terra em busca de punições.
Chora, espera, expia e refugia-te no pensamento de um Deus intimamente bom, absolutamente poderoso e essencialmente justo.

AUTOR: PLATÃO

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